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Recreio entrevista — Luiza Akemi: A crescente do k-pop e intercâmbio na Coréia do Sul

A youtuber de 23 anos conta com mais de 100 mil inscritos em seu canal e bateu um papo super divertido com a gente sobre a grande crescente da Hallyu. Confira!

Daniela Bazi Publicado em 10/08/2020, às 18h42 - Atualizado em 11/08/2020, às 18h48

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Luiza é uma grande fã de k-pop, e conseguiu conferir alguns shows durante seu intercâmbio na Coréia - Divulgação/Instagram
Luiza é uma grande fã de k-pop, e conseguiu conferir alguns shows durante seu intercâmbio na Coréia - Divulgação/Instagram

A cada dia que passa, o fenômeno do k-pop se torna cada vez maior em todas as partes do mundo. A música coreana já conseguiu ultrapassar as barreiras do continente asiático e está cada vez mais conquistando os outros pontos do planeta, com músicas no topo das paradas internacionais e turnês mundiais com todos os ingressos esgotados.

Esse, provavelmente, teria sido o primeiro ponto para que o Ocidente passasse a se interessar não só pelo ritmo musical, mas também por outros aspectos da cultura coreana como os doramas, os programas de variedade, ou até mesmo para a sua moda e cuidados de beleza.

Luiza Akemi é uma youtuber de 23 anos, natural de Brasília, e que já conta com mais de 100 mil inscritos em seu canal onde aborda temas como k-pop, k-beauty, k-fashion e conta suas histórias pessoais sobre seu intercâmbio na Coréia do Sul entre os anos de 2018 e 2019.

Para comentar um pouco mais sobre a grande onda da cultura coreana, Luiza bateu um papo incrível com a Recreio sobre esse fenômeno que já dominou os nossos corações. Confira!

Recreio: Como o k-pop entrou na sua vida?

Então, o k-pop apareceu na minha vida mais tarde do que as pessoas imaginam. Meu primeiro contato aconteceu ainda quando eu estava no ensino médio, em 2014, quando o M/V de “I Got a Boy”, do Girls Generation, surgiu nos meus recomendados do Youtube. Mas foi só em 2016 que eu entrei de cabeça no gênero musical. Por mais estranho que pareça, foi porque, nessa época, eu comecei a sair com um veterano meu da faculdade que realmente gostava de k-pop e eu acabei me apaixonando por alguns grupos por osmose. Eu comecei a ouvir BTS, BIGBANG, Red Velvet… e então encontrei o EXO, meu grupo favorito até hoje. Quando dizem que o k-pop é um caminho sem volta, estão certíssimos.

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Luiza durante um evento de aniversário do integrante Baekhyun, do EXO, na Coréia / Crédito: Divulgação/Instagram

Recreio: Em seu canal e em suas redes sociais, além de falar sobre k-pop, também fala bastante sobre k-beauty e k-fashion. Na sua opinião, por que as tendências coreanas de beleza passaram a fazer tanto sucesso também no ocidente?

Essa popularização de tudo que vem da Coréia nos últimos anos é um tema que me fascina profundamente. Acredito que a mídia e a indústria do entretenimento (k-pop, dramas e programas de TV coreanos) tem um grande papel nessa história. Cuidados com a beleza e a aparência são elementos importantes na cultura coreana. Os coreanos, no geral, sempre buscam parecer apresentáveis, até como um sinal de respeito ao próximo e para mostrar que estão se cuidando.

Com a popularização do k-pop e dos programas de TV coreanos, o ocidente foi exposto a esses idols e atores que são o ápice dos padrões de beleza na Coréia e acredito que muita gente começou a se interessar pelos produtos que essas celebridades usam. Depois de “fisgadas" pela onda Hallyu, acho que a maioria das pessoas passaram a incorporar tendências coreanas na sua rotina e normalizar alguns rituais que não eram comuns no ocidente.

Tem seus pontos positivos e negativos, porque o padrão de beleza na Coreia pode ser excludente. Mas com um pouco de diálogo sobre o assunto, acredito que somos capazes de discernir o que vale a pena incorporar (protetor solar e hidratante facial!) e o que não cabe a nossa realidade.

Recreio: Nos últimos anos, o k-pop passou a crescer cada vez mais fora da Ásia. Como fã, qual característica você acha que esse estilo musical tem que consegue conquistar as pessoas tão rápido?

Eu gosto de pensar no k-pop como “o pop com esteroides”. É um estilo musical que investe na qualidade não só da produção das músicas, mas da coreografia, do figurino, dos M/Vs e até das promoções inovadoras. Qual outro gênero promove os artistas do jeito que o k-pop faz? Com teasers, teorias criadas pra fãs decifrarem, fansigns, reality shows…?  Sou suspeita para falar, mas acho que você tem que se empenhar muito para não ser cativado pelo k-pop em nenhum aspecto. Afinal de contas, k-pop é entretenimento e os grupos fazem um trabalho fantástico em se conectar com os fãs e entregar conteúdo.

Recreio: Muitas pessoas dizem que o k-pop foi capaz de influenciar suas vidas em diversas maneiras diferentes. Para você, isso também aconteceu? Qual foi?

Definitivamente sim! Para todo mundo é diferente. Já vi muita gente dizendo que fez amigos por causa do k-pop ou que artistas específicos ajudaram a pessoa a superar momentos difíceis. Para mim, eu tenho um carinho muito grande com o k-pop por ter me proporcionado tantos momentos e tantas oportunidades únicas. Primeiro com o meu intercâmbio para a Coréia do Sul. Obviamente não foi o único fator que me influenciou a ir, mas foi um deles. E segundo com a criação do meu canal no Youtube! Foi por meio de eventos de k-pop que eu me aproximei pessoas que se tornaram muito importantes para mim e vão continuar a ser independentemente desse nosso interesse em comum. K-pop não é diferente de qualquer outro hobbie. Tem pessoas que curtem futebol ou desenhos animados. Contanto que seja uma atividade que traga felicidade, é uma atividade importante para a pessoa.

Recreio: Durante o seu intercâmbio na Coréia do Sul, também conseguiu acompanhar de perto outros diversos eventos de k-pop que aconteceram durante o ano. Qual foi o seu favorito e qual é a sua memória favorita dele?

Com certeza foi o show do EXO em Seul! Eu tenho acompanhado o EXO desde que eu ouvi a música deles pela primeira vez (dica: foi Monster) e ir em um show só deles era um dos itens da minha lista-desejo de intercâmbio. Eu tive a sorte de conseguir comprar ingressos para assistir o show na minha última semana antes de voltar para o Brasil, em Julho de 2019! Até fiz um vídeo no meu canal contando como foi esse processo louco de conseguir as entradas. Eu acho que eu chorei/ri do começo ao fim, sem entender o que estava acontecendo direito, mas minha memória favorita é do momento em que todos os fãs do estádio cantaram uma homenagem acapella pro grupo. Cantamos Peter Pan, uma música muito simbólica pro fandom. “Cantamos" muito entre aspas né, porque meu coreano é um pouco sofrido. Mas a intenção é que conta!

Recreio: O que te levou a escolher a Coréia do Sul como destino para o seu intercâmbio?

Bom, como eu falei antes, eu entrei no mundo do k-pop por causa do meu veterano de faculdade. Não é que o mesmo menino foi fazer intercâmbio na Coreia do Sul também? A gente não estava mais junto quando eu decidi ir, mas a experiência dele definitivamente me influenciou a escolher a Coreia como destino. Somos bons amigos até hoje e temos um grupo de amigos em comum em que outras três pessoas também fizeram esse mesmo intercâmbio da faculdade para Seul. As experiências boas dos meus amigos somadas ao interesse que eu já tinha sobre países do Leste Asiático, tudo me levou à Coreia do Sul como destino.

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Luiza em seu intercâmbio na Coréia / Crédito: Divulgação/Instagram

Recreio: Muitas pessoas acreditam que é muito fácil encontrar um idol nas ruas da Coreia assim que chegam ao país. É verdade? Como foi a sua experiência?

Não queria ser a destruidora de sonhos, mas não é fácil como as pessoas sonham. É difícil até de conseguir ver os idols pagando pra ir em show, porque é quase impossível de conseguir ingressos em alguns casos. As chances de você esbarrar com uma celebridade na rua são muito pequenas, assim como é difícil encontrar com celebridades brasileiras aqui no Brasil também.

Os únicos momentos em que eu encontrei idols “sem querer” na rua, foi com o Monsta X, o NCT 127 e o ator Park Seo Joon. Eu e meus amigos usamos o mesmo banheiro que o Monsta X durante uma promoção deles em um programa (meu amigo realmente entrou no banheiro com eles).

Vi o NCT 127 no prédio da SM Town quando eles estavam pra fazer um fansign e dei de cara com o Park Seo Joon no meio da rua enquanto ele gravava um programa de variedade. Falando assim parece que é mentira quando eu disse que é difícil encontrar com idols! Mas em todas essas ocasiões eles estavam fazendo algum tipo de atividade promocional.

É claro que encontrar com celebridades coreanas vai ser mais fácil na Coreia do que no Brasil, porque eles promovem lá com muito mais frequência. No entanto, não vai ser uma esbarrada casual num café, entende?

Recreio: Enquanto esteve na Coreia, qual foi o maior choque cultural que você sofreu?

Para ser sincera, acho que eu vivi tantos mini-choques que eu nem sei apontar um evento específico. Não tive problema nenhum com coisas como a comida ou certos hábitos da cultura coreana que são compartilhados por outros países do Leste Asiático, como tirar os sapatos ao entrar em certos ambientes ou me curvar em respeito aos outros. Minha criação como descendente de japoneses já tinha me preparado para isso. Se for para apontar uma única coisa, talvez tenha sido o banheiro sem boxe lá do meu dormitório mesmo. Lá na Coreia é bem comum que o banheiro não tenha boxe na área do chuveiro, então toda vez que você toma banho, o banheiro inteiro fica molhado. De todas as diferenças, acho que essa foi a que eu menos gostava.

Recreio: Se você pudesse dar uma dica para qualquer pessoa que esteja planejando uma viagem ou um intercâmbio para a Coreia do Sul no futuro, qual seria?

Acho que eu diria para a pessoa tentar aproveitar todas as oportunidades que surgirem. Nada muito revolucionário nessa dica, mas acho que precisa ser dita. Eu tive muitos colegas de intercâmbio que só focavam as aulas e eventualmente visitavam pontos turísticos. Não me leve a mal, aulas são importantes sim! Mas se você já está visitando um outro país, vale a pena dar uma turbinada no número de coisas que você consegue fazer no dia.

Meu grupo de amigos era reconhecido por viver o mais intensamente possível, passar 48 horas acordado e fazer qualquer tipo de atividade que aparecesse. Fomos em festivais, atendemos todas as festas, descobrimos lugares que só os locais conheciam... Criamos uma rede de contatos que abriram várias portas únicas: até num programa de TV da Indonésia nós aparecemos! Depois que você voltar para o seu país, você terá todo o tempo do mundo para descansar. Enquanto você está em território desconhecido, você tem que se empenhar em criar as memórias que vão durar pra sempre.